Aprender a falar português
Em Julho de 2013, fez um ano que estou morando no Brasil e 8 anos que viajei pela primeira vez ao Brasil. Acho interessante de mencionar que também fez 7 anos que me casei com um brasileiro…
No inicio, em 2005, decidi aprender o português para poder fazer uma pesquisa de campo no Brasil como parte do meu doutorado. Esse trabalho de campo era para acontecer em 2006. Assim, eu tinha um ano só para conseguir dominar o português suficientemente e poder fazer entrevistas. Ou seja, eu precisava aprender a entender as pessoas, a me expressar, ler e escrever. Que desafio!
Em setembro de 2005, eu me cadastrei em um curso coletivo 1 hora e meia por semana em Paris. Em poucos meses, eu comecei a escrever em português seguindo os pedidos da professora. Isso era um verdadeiro esforço porque meu tempo estava apertado. Mas, olhando para trás, eu percebi que esse treinamento fez uma grande diferença. Esses cursos me deram uma base gramatical excelente. Porém era um curso coletivo e eu tinha poucas oportunidades de falar. Cada vez que eu encontrava com um amigo brasileiro de visita ou morando em Paris, eu tentava me comunicar com ele para treinar também a expressão.
Quando cheguei ao Brasil em outubro de 2006 para iniciar a minha pesquisa, eu ainda não tinha o nível suficiente para aproveitar plenamente as entrevistas. Ai, eu fui morar na casa da minha sogra que não falava nenhuma palavra que não fosse em português.
Nessa altura, eu não tinha mais escolha: eu tinha que progredir rápido! Essa imersão me trouxe resultados ótimos em poucas semanas. Assim, eu fui fazer as entrevistas e deu tudo certo. Em Janeiro de 2007, voltei para a França com a pesquisa feita e sabendo falar português.
Até chegar ao Brasil
Depois dessa experiência, sempre tentei praticar e melhorar meu português. Eu mantive contato com o idioma através da música, do cinema e até das novelas. Tudo me servia para escutar essa língua linda e adquirir mais vocabulário.
Finalmente, em 2011, decidimos nos mudar para o Brasil. A mudança aconteceu em 2012. Quando cheguei, eu precisei diversificar meu vocabulário, aprender gírias, afinar minha compreensão. Foi muito intenso e, eu confesso um pouco cansativo. No inicio, me deu a impressão de esquecer o francês e de misturar tudo. Descobri o esforço de precisar pular de um idioma para o outro muitas vezes ao dia. Por isso, eu cuido de praticar muito os dois idiomas.
Em um ano, meu português melhorou pouco a pouco, especialmente a pronúncia. O meu sotaque continua divertindo meus amigos! Por exemplo, eles riram muito quando tentei falar que tinha visto uma “arrarrá”! Custei para conseguir explicar que, na verdade, foi uma arara. Meus amigos combinaram entre eles de não corrigir nem mencionar meus erros de pronúncia para que fique “bonintinho”. Depois de um certo tempo, comecei a perceber olhares escondidos entre eles quando falava certas palavras assim como “irronico”, “carramel” (caramelo). Um dia, eu falei que fulano tal estava “chupando manga” ao invés de ele ser igual “um cão chupando manga”… Até hoje eu escuto essa história na boca de muita gente. Tudo isso me marcou porque aprendi duas coisas. A primeira é que os brasileiros gostam de brincar. A segunda é que não precisa se preocupar com perfeição. Eu sei que vou certamente continuar fazendo errinhos, mas isso não importa tanto. Com certeza, é importante tentar sempre melhorar. Mas, para mim, o mais importante é conseguir ter um nível suficiente para se comunicar e expressar tudo o que a gente quer falar ou escrever, o que permite trabalhar, e para poder bater papo com nossos amigos!
Soniá Stransky